Segundo o relatório do GPIAM (link para versão completa), pode concluir-se que a causa direta da quebra do cabeço se deveu à ocorrência de um esforço pontual e significativo da tração dos cabos do navio sobre o cabeço derivado de uma solicitação brusca induzida ao navio pela ondulação que se fazia sentir ao longo do cais.
Como fatores contributivos para o acidente podem identificar-se:
- A ausência continuada de manutenção (aos longos dos mais de 30 anos de existência e trabalho dos cabeços) por parte da empresa Portos dos Açores, S.A., aos equipamentos de amarração implantados nos cais dos seus portos, em particular no porto situado em São Roque do Pico;
- A localização da fratura parcial anterior existente no cabeço que comprometia em muito a sua capacidade de resistência ao esforço de tração exercido pelos cabos durante a parte final da manobra de atracação da popa do navio à rampa;
- O posicionamento incorreto dos cabeços para utilização pelos novos navios ro-ro ("Gilberto Mariano" e "Mestre Simão") que, de uma forma muito mais intensiva, desde março de 2014 passaram a demandar este porto e a ter de utilizar o cabeço em causa para a sua amarração obrigando ao uso de cabos de comprimento mais curto que o adequado;
- A exposição à ondulação vinda do alto, a que os navios atracados no cais do porto situado em São Roque do Pico estão sujeitos, numa janela compreendida entre as direções NNW e E, e que entra no porto correndo ao longo do cais sem que haja amortecimento significativo da energia transportada pelas ondas.
- A utilização pelo "Gilberto Mariano" de cabos exageradamente sobredimensionados (bitola) no seu esquema de amarração;
- A metodologia que tem de ser adotada pelos navios ferry para atracar à rampa, em particular quando existem já navios de comércio atracados ao cais, que obriga a que a aproximação ao cais se faça em marcha a ré para passar em primeiro lugar os lançantes de popa ao cais de modo a que se possa concluir a manobra em segurança.
Ainda sobre este assunto, o Secretário Regional dos Transportes descartou responsabilidades políticas ou algum tipo de negligência neste acidente. O Secretário adiantou ainda serão implementadas algumas medidas relativas ao Porto do Cais do Pico:
- Com vista a permitir o retomar da operação na rampa ro-ro do referido porto, está ser elaborado um estudo, por uma entidade externa, destinado a quantificar o dimensionamento necessário dos cabeços na referida rampa, nomeadamente quanto à tipologia, capacidade e localização, tendo por base os esquemas de amarração dos navios "Mestre Simão" e "Gilberto Mariano" (esse estudo deverá estar concluído em finais de junho ou durante o mês de julho do corrente ano);
- Solicitação ao ISQ de um estudo tendente ao cabal esclarecimento do estado de conservação e propriedades mecânicas de um cabeço de amarração homólogo ao que colapsou no acidente de 14 de novembro de 2014;
- Posteriormente, foi solicitado o alargamento do âmbito desse estudo, no sentido de se realizarem ainda ensaios e análises para avaliar a resistência mecânica do mesmo cabeço, de forma a confirmar a informação existente, constante dos elementos disponíveis do projeto original de construção do porto localizado em São Roque do Pico (década de 1980).
Finalmente, o Presidente do Governo Regional comentou que "a responsabilidade do governo é evitar novo acidente nos portos".
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