Entre as diversas curiosidades observadas por quem conversa com açorianos, sobretudo os continentais, prende-se com o facto de às vezes ouvirem a expressão "vou ir" e ficarem um pouco surpreendidos. Uns fazem uma careta e dizem que soa estranho, enquanto outros argumentam logo que esta expressão está completamente errada por ser um pleonasmo. Lançada a polémica, pode-se ou não recorrer à expressão "vou ir" sem ferir as regras da língua portuguesa?
Comecemos pelo início: qualquer língua é feita e evolui devido aos seus falantes e não devido a imposições forçadas; um exemplo dessa situação encontra-se descrito no post "Picuense, Piquense, Picoense ou Picaroto?", o qual mostra como normalmente se utiliza um gentílico relacionado com a ilha do Pico que não consta no dicionário. No entanto, as regras de uma língua são fundamentais para que nos entendamos e para que haja coerência no discurso, sendo que a riqueza de uma língua normalmente está associada ao seu diverso vocabulário e aos diferentes sotaques (a este propósito, recomenda-se a leitura do post "És dos Açores? Mas não tens sotaque!").
Voltando à expressão "vou ir", o site Ciberdúvidas (espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa) já abordou este assunto no artigo "«Vou ir», outra vez" e apresentou a seguinte conclusão, a qual responde à questão levantada neste post: não há nenhuma regra, gramatical ou semântica, que explicitamente impeça a construção da expressão "vou ir"!
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