A natureza dos Açores consegue proporcionar momentos inesquecíveis, como aquele que se relata de seguida, o qual transformou um banal fim de tarde de verão numa ocasião que ficará para sempre gravada na minha memória. Eis o que pode acontecer quando se passa o verão no Cais do Pico, vila de São Roque do Pico...
17h14 - toca o telefone: "Q'mé qu'é, tás bom? Qu'é que tás fazendo? Tou trabalhando. Não queres fazer uma pausa? Qu'é que se passa? Tão a ver baleias aqui fora, não queres ir ao mar ver? Claro!"
Os genes herdados dos antepassados baleeiros são instantaneamente ativados e a versão moderna do "caçador" de baleias entra em ação: o foguete foi substituído pelo telefone mas mantém-se a tradição de largar tudo o que se está fazendo para rumar para junto do cais; arria-se o barco, que agora é de fibra de vidro ao invés de ser de madeira, e verifica-se que vem connosco o arpão moderno, isto é, a máquina fotográfica.
Em menos de meia hora estamos a navegar, partindo do Cais do Pico e em busca de baleias, tal como fizeram inúmeros baleeiros no século passado. Se em terra havia "baleia à vista", no mar é chegada a hora de procurar minuciosamente por um destes gigantes dos mares.
Mais cerca de meia hora em cima de água e eis que alguém exclama "olh'ó bufo!"; ali está ela, a baleia que estávamos à procura, tão bela quanto "tanto grande", mas... afinal há duas baleias... não, são três baleias... espera, olha ali outra...
Sai-nos o jackpot: ao todo conseguimos ver mais de meia dúzia de baleias diferentes, sendo difícil definir o número certo deste "cardume". Apesar de as imagens estarem a ser gravadas pela retina, convém tirar umas fotos para recordar mais facilmente este momento paradisíaco; o ideal seria a montanha do Pico ao fundo e uma baleia a bufar; como pedir não custa, lá parece que um dos animais se oferece para nos fazer a vontade - são 18h40, mas literalmente esta é a hora da sorte!
Regressamos a terra e desembarcamos como os antigos baleeiros, ou seja, junto à antiga "Fábrica da Baleia" do Cais do Pico (apesar de agora ser num cais mais recente). As baleias também vêm connosco, não fisicamente mas dentro da máquina fotográfica. Por fim, contamos a nossa aventura à família e aos amigos, e todos respondem "mostra a foto!" :)
Haja saúde!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Para evitar perder a ideia do comentário, sugere-se que escreva primeiro o mesmo num editor de texto e depois copie para aqui; assim, se ocorrer algum erro (por vezes não funciona à primeira), tem sempre cópia do seu texto.
Muito obrigado por comentar neste blog! Haja saúde!