O
concurso de desenho "Novo Porto de São Roque do Pico", uma iniciativa de Marcus Ketterl e à qual o
blog "Cais do Pico" se associou, regista agora a sua última etapa após a
divulgação dos vencedores.
Mais concretamente, e tal como foi prometido aquando do lançamento deste concurso, foram remetidas para o Governo Regional dos Açores (com cópia para Presidência e para a Secretaria Regional do Turismo e Transportes) todas as propostas sobre com que aspeto os respetivos participantes gostariam que ficasse o novo porto de São Roque do Pico e a respetiva zona envolvente.
Acompanhou esta missiva um texto explicativo da autoria do promotor deste concurso, texto esse que se apresenta em anexo. Por seu lado, os serviços do Governo dos Açores já acusaram e agradeceram as propostas apresentadas.
Para todos aqueles que estejam interessados em conhecer as propostas que foram remetidas ao Governo Regional, as mesmas podem ser visualizadas através do seguinte
link:
http://tinyurl.com/hcxsw5d
Estando cumprida esta última etapa, dá-se por encerrado o concurso em questão, não sem antes agradecer publicamente mais uma vez ao Marcus Ketterl por ter tido a iniciativa de promover uma consulta pública sobre o futuro novo porto de São Roque do Pico, bem como premiar algumas ideias. Bem haja!
Haja saúde!
Caros Srs(as),
Foi organizado um Concurso de Desenho e para tal foi pedido à população em geral, para apresentarem ideias para a construção do novo Porto de São Roque, ideias essas, que se mostrassem válidas agora e atuais no futuro, potenciando o desenvolvimento do nosso Concelho. Ao todo houve dez entradas no concurso, tendo este e os seus resultados figurado nos jornais locais. Junto com esta carta seguem os resultados desse concurso os quais vamos encaminhar para o departamento governamental apropriado.
Metade do valor dos prémios foi doado por uma entidade anónima e a outra metade por mim. Ivo Sousa, responsável pelo
www.caisdopico.pt, ajudou de diversas formas, Rui Veríssimo fez os desenhos para a publicidade e doou os posters, Paulo Mariante ajudou com a fotografia e algumas traduções.
A minha motivação para organizar este concurso, foi o de haver uma participação pública no projeto, para poder apresentar a quem faz as decisões finais, mais visões, a visão da população local para a sua terra e que perdure no tempo, a sua casa, São Roque do Pico.
Tristemente, também é por ter perdido confiança no processo, pela imposição do hediondo e mau projeto do Porto da Madalena e porque, a quem mais afeta não lhe foi dada verdadeira voz.
Espero que se organizem mais competições como esta para as obras de vulto de construção civil e, que se possam envolver as escolas, também dando opinião aos mais novos. Isto é uma forma barata e democrática de angariar boas ideias das populações diretamente afetas, que podem mostrar soluções mais apropriadas e mais desejáveis, em vez de usar caríssimos “forasteiros” que tem zero investimento emocional no resultado final.
Escolhi a submissão do Djervy Santos para primeiro lugar, porque este mostra duas possibilidades: uma grandiosa e outra mais modesta, ambas com soluções detalhadas, refletindo um pouco a ideia do Piloto do Porto de São Roque, tal como sugerido por este a quando da vinda do governo ao Pico. Além disso, estas incluem a muito desejada Marina, aparentemente não considerada pelo governo.
O desenho do Djervy, usando materiais naturais para fazer sobressair o caracter, parece-me a longo termo, ser a melhor e a mais económica solução para o Novo Porto de São Roque.
(Também acho que poderia ser dado ao Djervy a possibilidade de adicionar conteúdo artístico a mais obras de construção civil, até porque penso que as capacidades de muitos arquitetos civis não são suficientes.)
Griff Alker recebeu o segundo prémio principalmente pelas suas considerações escritas, em particular os seus comentários sobre preservar o aspeto e o charme da ilha com o uso de materiais naturais.
O terceiro prémio foi para Jaime Tavares de Melo, que incorporou uma enorme marina, tal como desejado por todos os locais.
Dois quartos prémios foram para:
Vanessa Horta, pelo desenho compacto do cais com uma pequena marina e a incorporação de uma plataforma de pesca no fim do molhe.
Filipe Reis, por sugerir que não precisamos de mais cais e rampas, somente uma boa marina.
A principal impressão que tenho dos habitantes locais é que embora considerando o esquema RoRo muito útil, a construção de outro um é uma necessidade menor, pois a criação de uma marina em condições, com lugar próprio para os barcos de pesca e proteção à estrada, é mais urgente. Das pessoas com quem falei, nenhuma tem uma opinião positiva sobre fazer um novo porto RoRo quilómetros mais acima, sem marina, longe de quaisquer lojas ou facilidades, fora do alcance de uma ida a pé. Das dez entradas, só houve uma de um empregado do estado que defendia isso.
Se a administração dos Açores tem intenções de fazer do Turismo de alta qualidade uma parte importante da vivência da ilha, então o standard de lazer e o aspeto da infraestrutura devem ser elevados consideravelmente e o primeiro objetivo de longo prazo: tornar a ilha mais charmosa, não a gastar o máximo possível de dinheiro da EU em enormes e desconexadas construções. Mesmo com pouco custo adicional, um cais pode ser uma atração turística se o desenho for adequado logo à partida. Em vários países, um cais para lazer faz parte da estrutura central de grandes vilas costeiras usadas para férias.
Em São Roque, um lugar para se sentar e admirar o mar, ver os pescadores lançando a linha ou ver os barcos sendo descarregados, seria maravilhoso para os turistas; muitos deles vivem no interior dos continentes...
Muitos açorianos morreram ou feriram-se ao tentar pescar nas escarpas. Todo o cais deveria ter uma plataforma que contemplasse os pescadores. Contrariamente a esta ideia, neste momento é proibido pescar no cais do Porto Comercial de São Roque. Sinceramente, as pessoas tem o direito histórico de poder pescar ali!
Incluí uma ideia para um observatório subaquático, que poderia ser executado sem grande custo adicional, dependendo do seu tamanho é claro. Isto poderia ser usado para educação, ciência, inspeção de barcos grandes, permitir idosos ou pessoas com deficiência experimentarem o ambiente subaquático, etc.
Parece-me que existe pouca ou nenhuma cooperação ou interfinanciamento entre diferentes departamentos governamentais, onde deveriam todos participar na decisão e funcionalidade a quando da implementação de projetos de grande visibilidade, grande impacto.
Pessoas com talento e capacidades superiores de desenho, habilidade e visão estética, deveriam ser envolvidas logo de inicio nos projetos, para determinar e reforçar o carácter dos aspetos arquitetónicos existentes na história das nossas ilhas.
Desenhos angulares de programas de computador de terceira categoria como o desastre do terminal pessimamente concebido da Madalena, não podem ser permitidos para arruinar São Roque, a Capital do Turismo Rural.
Espero que esta competição possa motivar e inspirar os governantes, de forma que organizem competições similares, incluindo os locais, no processo de desenho de infraestruturas e melhoramento das zonas circundantes, como é cada vez mais a pratica em países avançados na Europa.
Atenciosamente,
Marcus Ketterl