sábado, 9 de setembro de 2017

Quando uma taxa de ocupação de 100% origina um crescimento negativo aéreo...


À semelhança do que aconteceu em julho deste ano, a ilha do Pico continua a registar fenómenos "estranhos" no campo dos transportes aéreos. Mais concretamente, e segundo os dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA) relativos ao transporte aéreo, a ilha montanha foi única do arquipélago que registou um crescimento negativo no que se refere ao movimento de passageiros aéreos (desembarcados e embarcados) em agosto de 2017 (quando comparado com o período homólogo de 2016).


Contudo, e mais uma vez, este destaque negativo registado no Aeroporto do Pico pode ser enganador à primeira vista. Sendo o mês de agosto uma altura onde existem mais pessoas a sair do que a entrar na Região, atente-se ao maior contributo para o movimento de passageiros aéreos, isto é, aos embarques efetuados na ilha montanha, de forma a se chegar a uma conclusão surpreendente...

Seguindo a metodologia de cruzar os dados do SREA com o tipo de aeronave utilizada [disponível através da app da SATA para iOS], é possível descobrir que o Pico registou, em agosto de 2017 e considerando os passageiros embarcados, uma taxa de ocupação de 100% nos voos Pico/Lisboa e de 96,1% nos voos interilhas, o que corresponde a uma taxa de ocupação global de 96,9%.

Estas são taxas de ocupação fantásticas para uma qualquer companhia aérea, mas para a ilha montanha revelam-se insuficientes. Porquê? Atente-se à taxa de ocupação de 100% nos voos com Lisboa: apesar de os aviões partirem cheios, houve menos lugares oferecidos neste ano (2119) do que os passageiros embarcados no ano passado (2243), originando impreterivelmente um decréscimo (-5,5%) nos embarques na rota Pico/Lisboa!

Analisando o total das ligações aéreas que serviram a ilha montanha, verifica-se que mesmo que todos os voos que descolaram do Pico em agosto de 2017 estivessem lotados, seria sempre obtido um decréscimo nos passageiros embarcados (-0,5%) face ao período homólogo de 2016!

Se a análise referente a julho de 2017 permitiu concluir que o verdadeiro significado do crescimento negativo aéreo no Pico podia ser expresso como "por mais que crescesse a lotação nos voos, as estatísticas diriam sempre que os passageiros decrescem", agora, em agosto, a ilha montanha atingiu esse cúmulo do paradoxo aéreo: os voos estiveram cheios a 100%, o que originou um crescimento... negativo!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi publicado na edição n.º 698 do 'Jornal do Pico', de 15 de setembro de 2017.

7 comentários:

  1. Meanwhile, I have not been able to find any info about how much/if I can reclaim money for INTER-ISLAND flights as a resident anywhere. The info about resident refunds is particularly well hidden on the SATA site.

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  2. LOL! Well, if there are no vehicles supplied for it, the movement rate of passengers will obviously decrease!
    But... this is a good thing for most, IMO!
    Locals have never experienced low-quality tourists and how the "infrastructure" for them destroys fantastic places. I have experienced it personally elswhere. You can see the first symptoms of it here now. Rusting traffic signs, cement expanses, cement electricity poles and cables going everywhere, inappropriate modern architecture, the gradual degeneration of culture and community, inconsiderate greed. I increasingly find even Picarotos commenting how they don't want so many people inundating the place and changing it. "Improving" long-distance transport has more negative consequences than positive ones on good places and their people but they only notice this when it is too late.

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  3. Hi Marcus,
    That's a valid point of view; nevertheless, Pico has less air passengers but more tourists, which raises a question: how are they getting here?
    On the other hand, if the flights are full, that also means that a local will have more difficulty to book a flight and will pay more than residents in other islands.
    Summing up, the locals are getting some of the bad symptoms of tourism but the benefits related with better and cheaper connections with the outside world are not arriving to Pico!

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  4. There is no refund for inter-islands flights; when you book that kind of flight, the price already takes into consideration that you are a resident.

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  5. Falou-se á algum tempo que ia haver um estudo sobre quantos passageiros com destino final o Pico chegam/partem por outros aeroportos, mas ao que parece esse estudo nunca começou ou foi boicotado.
    Sugeria que houvesse uma qualquer iniciativa que pudesse mostrar a realidade do destino Pico, porque como habitante deste e obrigado a viajar com frequência por motivos profissionais, tenho sido extremamente prejudicado pela politica da SATA, quase 50% das minhas viagens tem tido início/fim noutros aeroportos e 80% com atrasos muito perturbadores.

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  6. There you are, Tourists buying up seats is yet another negative effect of Tourism on locals!
    It should be locals who get cheap Inter-Island flights instead of Tourists getting them for free.
    Cheap and easy connections to Pico just bring in Cheap
    Tourists who don't spend much here. They also make the place less attractive for high spending Tourists.

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  7. I didn't know that, thanks. Note that when you google "sata airlines" you actually end up with the Edreams site first and inadvertently book with them, assuming they are partners of SATA. Either way, Inter-Island flights for locals are shockingly expensive.

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