Almeida Firmino deixou mais do que uma gabardine e um guarda-chuva quando adormeceu nas águas salgadas, junto ao moinho da Lapinha, em São Roque do Pico, na manhã de 14 de novembro de 1977. O poeta de "Ilha Maior", que não sendo picoense de berço deixou-se adotar pela ilha, quis aqui ter a sua sepultura. No ano do 40.º aniversário do seu falecimento, procuramos o seu legado e a memória que a ilha guardou de um dos seus maiores poetas.É assim que se inicia um artigo publicado no jornal 'Açoriano Oriental' sobre Almeida Firmino, o poeta que conseguiu sentir as dores do ser ilhéu e elevou o Pico a "Ilha Maior" [link para reportagem completa].
Em sua homenagem, apresenta-se, em anexo, o seu poema "Ilha Maior".
Haja saúde!
Ilha Maior
Minha ilha sem bruma
Sem distância a percorrer
Onde o vento é o donatário
Único senhor e rei
Sem eu mesmo o saber.
Ilha Maior no sonho e na desgraça
Sempre a acenar a quem ao longo passa
Nos navios rumo ao Canadá e América.
Ancoradouro de aves, poetas e baleeiros,
Heróis sem nome, com um pé em terra e outro no mar,
Quantas vezes em vão a balear.
Negra, negra, negra e cativa
Ilha Maior, minha Ilha-Mãe adoptiva,
Maravilha de lava e altura!
El-rei Sebastião, o Desejado,
Veio um dia, nunca mais voltou.
E é aqui, cavada a seu lado,
Que eu quero ter a minha sepultura.
Almeida Firmino
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