terça-feira, 30 de abril de 2019

Obrigações de Serviço Público, SATA e o isolamento do Triângulo (São Jorge, Pico e Faial)


Muito se fala na criação de um hub aéreo concentrado em Ponta Delgada para minimizar custos e tornar a operação da SATA mais eficiente. Contudo, para isso é necessário que exista um incremento de frequências e na oferta de lugares nas ligações inter-ilhas entre São Miguel e as ilhas sem ligação ao exterior ou com menor número de ligações diretas com o exterior.

Na revisão das OSP (Obrigações de Serviço Público) inter-ilhas em 2015, foi reduzido o número de frequências diretas entre Ponta Delgada e as ilhas das Flores, Faial, São Jorge, Pico e Santa Maria; por outro lado, a Terceira viu disparar o número de frequências com outras ilhas. Isto demonstra a imposição de fixar uma placa giratória na ilha Terceira para distribuir o tráfego pelas restantes ilhas do grupo central (Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial) e do grupo ocidental (Flores e Corvo). Por exemplo, no caso do Pico, as OSP pré-2015 previam, em Junho e Setembro, 7 frequências mínimas diretas com Ponta Delgada, enquanto que as OSP atuais prevêem apenas 5 frequências semanais.

Quem idealizou estas OSP esqueceu-se do impacto da liberalização do espaço aéreo e dos encaminhamentos a custo zero que fizeram disparar o número de passageiros transportados nas ligações inter-ilhas da SATA Air Açores.

Reportando novamente à situação do Pico, esta ilha movimentava, em 2014 e no caso dos voos inter-ilhas, cerca de 63.000 passageiros, valor que em 2018 ultrapassou a barreira dos 100.000 passageiros, ou seja, um incremento da ordem dos 60%. Esta evolução do tráfego de passageiros não foi acompanhada pelas atuais OSP, pois estas estão completamente desfasadas da realidade. Por exemplo, nos meses de Junho e Setembro, a SATA Air Açores está a realizar 19 frequências semanais diretas entre P.Delgada e o Pico, quando as OSP atuais só têm previstas 5 frequências semanais — dito de outra forma, a SATA está a realizar mais 14 ligações do que o previsto.

Se há 5 anos era possível reservar uma viagem com apenas um dia de antecedência, agora é praticamente impossível, especialmente nas épocas de maior procura. A falta de lugares nos voos inter-ilhas tem criado um grave problema de mobilidade para os residentes que precisam de se deslocar à última da hora por motivos de doença (por exemplo), e também aos turistas que planeiam viagens com menor antecedência.

Este problema levou o Governo Regional e a SATA a anunciar um reforço das ligações inter-ilhas neste ano, com a inclusão, pela primeira vez, de ligações diretas entre São Miguel e as ilhas do Corvo e da Graciosa, o que denota um menor peso da placa giratória da Terceira. Contudo, o que se constata é que estes reforços continuam a ser insuficientes e sucedem-se os mesmos constrangimentos para quem queira se deslocar dentro do arquipélago, principalmente de/para as ilhas Triângulo (São Jorge, Pico e Faial). O problema já se verificou nesta Páscoa e já se antevê novamente um mês de Maio bastante complicado para mobilidade dos residentes destas três ilhas.

Segundo uma pesquisa efetuada no website da SATA, quem queira se deslocar no mês de Maio de São Miguel para São Jorge, Pico ou Faial, verifica que tem 12 dias completamente esgotados de um total de 31 dias. Por outro lado, quem pretende chegar a São Miguel a partir de São Jorge depara-se com 14 dias esgotados, o Pico com 11 dias e o Faial com 5 dias. Ou seja, os (potenciais) clientes da SATA Air Açores não conseguem chegar/partir destas ilhas durante meio mês, o que demonstra claramente que estas ilhas estão “isoladas”.







Se já estamos assim no início da época média, como será nos meses de época alta (Julho e Agosto), altura das maiores festas do Triângulo? Teremos o mesmo caos de anos anteriores? Não serviu de lição a quem trata do planeamento no seio do Grupo SATA?

Estas três ilhas do Triângulo devem ver a oferta de frequências e lugares com São Miguel revista em alta, mas para isso é necessário um planeamento cuidado, em constante monitorização e equitativamente distribuído pelas três ilhas, algo que infelizmente não tem sido tido em conta pelos responsáveis da SATA, os quais continuam ano após ano a cometer os mesmos erros. Pior são os casos de reforço de frequências e lugares decididos na esfera política que não respondem à procura efetiva, ou reforços desnecessários por a oferta existente estar ajustada à procura. Estes são aspetos importantes a não esquecer aquando da revisão das futuras OSP, sobretudo no que toca à crescente importância de ter mais ligações diretas com São Miguel, bem como um número de frequências adequadas, e não estar a obrigar os clientes a “transitar” pela Terceira sem necessidade.

Haja saúde!

Luís Ferreira
Ivo Sousa
Bruno Rodrigues

Nota: Durante a escrita deste artigo foram adicionados alguns voos extra nos percursos em questão; este não só é um pequeno contributo que ainda não resolve o problema de fundo, mas também mostra como os voos regulares são insuficientes para atender à procura. Eis um exemplo da falta de resposta atempada da SATA à procura – para a última semana de Maio já não havia lugares em 5 dias consecutivos entre São Miguel e o Pico, isto desde meados de Abril, e até então nada tinha sido feito para solucionar esse problema. Só quando surgiram as primeiras queixas, lá a SATA colocou, a 23 de Abril, um voo extra para 28 de Maio, o qual esgotou em apenas dois dias. Mais uma vez, prova-se que se existissem mais voos, mais gente viajaria, porque a procura não só existe, como continua a crescer!


Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 41.859 do 'Diário dos Açores', de 30 de abril de 2019.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Serão estas mós (do Pico) as mais viajadas do mundo?


No estado de Santa Catarina, no Brasil, mais precisamente em Ribeirão da Ilha, é possível encontrar o "Ecomuseu do Ribeirão da Ilha". Aqui o visitante pode conhecer parte da história da ilha de Santa Catarina através de objetos e do modo de vida dos colonizadores açorianos que chegaram à Nossa Senhora do Desterro entre 1748 e 1756.

De entre as mais de três mil peças que integram o acervo deste museu, existem umas que merecem um destaque especial: mós (pedras de moinho) feitas de rocha vulcânica da ilha do Pico. Estas peças foram esculpidas na ilha montanha em 1730 e são as peças mais antigas do museu.

Infelizmente, o futuro deste ecomuseu é incerto, pois atravessa algumas dificuldades financeiras. Mais concretamente, o professor e investigador Nereu do Vale Pereira, de 91 anos, fundador deste museu em 1971 e que o mantém com recursos próprios do investigador há muitos anos, teme que, sem apoios, tenha de fechar portas.

Em todo o caso, independentemente do futuro do museu e de estas mós serem, ou não, as mais viajadas do mundo, uma coisa é certa: estes exemplares, graças a este ecomuseu, entraram para a história por conseguirem demonstrar que a pedra do Pico tinha tanto valor que valia a pena embarcar a mesma em longas viagens de vários milhares de quilómetros — neste caso, entre os Açores e Santa Catarina, foram mais de sete mil quilómetros!

Haja saúde!

domingo, 28 de abril de 2019

Dias mundiais do jazz, da dança e do sorriso celebrados no Pico


"Todos os dias são especiais e cada dia do ano oficialmente celebra, marca ou lembra algo no mundo", recorda Terry Costa, diretor artístico da MiratecArts, entidade cultural artística que vai marcar alguns destes dias na ilha do Pico.

Hoje, 28 de abril, o Dia Mundial do Sorriso, a MiratecArts junta-se ao projeto Sorrisos de Pedra de Helena Amaral, o qual celebra este ano o seu 4 aniversário e, pela primeira vez, abre as portas da Casa dos Sorrisos e Atelier da Artista ao público em geral, pelas 16 horas.

Na segunda, 29 de abril, é o Dia Mundial da Dança. A MiratecArts marca este dia apresentando às audiências do Pico, às 21h, no Auditório da Madalena, o filme da Companhia de Dança Contemporânea Ballet Teatro Paz "Açores, uma jornada de sonho." "Esta é a forma de darmos a conhecer a coreógrafa açoriana, Milagres Paz, a novas audiências" diz Terry Costa "e esperamos, no futuro, ter a oportunidade de apresentar em pessoa, pois só assim conseguimos evoluir as relações entre os artistas e as suas audiências:" Viajando e coreografando pelas nove ilhas dos Açores, a coreógrafa dá a conhecer, duma forma artística, as belezas naturais usando a linguagem da dança contemporânea.

O último dia de abril é o #jazzday que todos os anos recebe um concerto global oficial com a presença do Embaixador do Jazz nas Nações Unidas, Herbie Hancock. Este ano, o grande espetáculo acontece na Austrália, mas a ilha montanha vai receber eventos surpresa com o saxofonista Daniel Pena, na tarde de terça feira, 30 de abril.

"Não temos os recursos para marcar todos os dias oficiais que se relacionam com as artes, nossos colaboradores e projetos" admite Terry Costa " mas cada ano vamos dando destaque a alguns, pela primeira vez, e outros ficam na programação anual, dando, assim, cada vez mais destaque às artes no dia a dia."

Haja saúde!

sábado, 27 de abril de 2019

Casa dos Sorrisos de Pedra abre ao público pela primeira vez


Sorrisos de Pedra de Helena Amaral é um projeto da MiratecArts que está a celebrar 4 anos, na ilha do Pico, este domingo 28 de abril - Dia Mundial do Sorriso.

Para marcar o acontecimento, pela primeira vez, a artista Helena Amaral vai abrir a Casa dos Sorrisos de Pedra e o seu Atelier de Artista, ao público em geral. Em forma de convívio, o público está convidado este domingo pelas 16h para entrar no mundo de esculturas que já tem presença em vários países e por todo o terreno de Portugal.

Sorrisos de Pedra de Helena Amaral são esculturas de bombas de lava da ilha montanha. Formadas de bagacina e basalto, a artista esculpe com rebarbadora. "É no rosto, no olhar, no sorriso de cada um de nós que as emoções explodem, desenham e gravam as rugas das alegrias e tristezas da vida" diz a artista Helena Amaral. "Sorrir é comunicar sentimentos íntimos e privados, é partilhar silêncios e olhares que só o rosto pode divulgar. Sorrisos de Pedra pretende oferecer o enorme potencial que é o sorriso nos rostos das crianças, dos adultos e dos mais velhos..."

Desde exposições, palestras e workshops à volta deste projeto, também já foi criada uma dança contemporânea. O roteiro, que enquadra mais de 160 esculturas dando a volta à ilha montanha, é um exemplo de como enquadrar a arte na natureza, e que surpreende os turistas que apreciam e voltam à ilha procurando conseguir encontrar mais Sorrisos. Uma exposição itinerante, que além de esculturas inclui uma série de fotografias de Pedro Silva, também já foi apresentada nas ilhas do Faial na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça e no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, na ilha de São Jorge no Atelier de Kaasfabriek, na ilha Terceira na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís Silva Ribeiro e, ainda, no Museu da Ilha Graciosa.

Haja saúde!

[Link para notícia relacionada da RTP-Açores]


sexta-feira, 26 de abril de 2019

"Mestre Jaime Feijó" já foi lançado à água


O novo navio da frota da Atlânticoline foi já lançado à água, no desenvolvimento normal do seu processo de construção. Após o seu lançamento à água, seguir-se-ão os acabamentos de equipamentos, máquinas e interiores, o aprestamento final, provas de mar e certificações, e posterior entrega do navio na Horta.

Tendo características muito semelhantes ao “Gilberto Mariano”, igualmente, construído pelos Astilleros Armon, o novo navio tem 41,2 metros de comprimento, ou seja, mais 120 centímetros que os navios de 40 metros e é o substituto do navio “Mestre Simão” que encalhou na Madalena do Pico. Por esse motivo, foi decidido preservar o nome de “Mestre Simão” para o navio malogrado e atribuir o nome de “Mestre Jaime Feijó” ao novo equipamento da Atlânticoline.

A atribuição desse nome, à semelhança do que acontecia com o “Mestre Simão”, pretende ser uma homenagem a uma das figuras de referência do quotidiano do transporte marítimo entre as ilhas do Faial e Pico, neste caso, também natural da ilha do Faial, e vem juntar-se ao “Gilberto Mariano”. Mestre Jaime da Rosa Lopes (Mestre Feijó), nasceu na freguesia das Angústias, no Faial, a 2 de janeiro de 1928, e destacou-se no desempenho de profissões marítimas e portuárias tendo sido estivador, baleeiro, contramestre e mestre de tráfego local.

Recorde-se que Jaime da Rosa Lopes foi Mestre da lancha baleeira “Walkiria” e, em 1964, ingressou na Empresa das Lanchas do Pico, primeiro como contramestre e depois como Mestre. Exímio navegador, conhecia como ninguém as embarcações “Calheta”, “Velas” e “Espalamaca”, bem como os portos, os canais, as marés e os ventos nas ilhas.

A coragem do Mestre Feijó foi muitas vezes testada pela necessidade de evacuação urgente de doentes em situações de muito mau tempo. Para além da sua competência e coragem, ganhou a afeição dos muitos passageiros que transportava, pela facilidade no trato com que com eles lidava. O Mestre Jaime Feijó foi publicamente homenageado por diversas vezes, no Faial e no Pico, destacando-se a sua imortalização na toponímia da cidade da Horta, com a nomeação de uma rua em sua homenagem. Foi ainda agraciado com a Medalha da Ordem de Mérito em 1989, pelo então presidente da República Dr. Mário Soares. Faleceu na Horta, a 12 de outubro de 1998.

O navio “Mestre Jaime Feijó” terá capacidade para transportar 333 passageiros e 15 viaturas, duas das quais com peso bruto até 5,5 toneladas.

[Fonte: Atlânticoline | cantabricshipping]

Haja saúde!






quinta-feira, 25 de abril de 2019

Pico Zen 2019


De 2 a 5 de maio de 2019 decorre a 3.ª edição do "Pico Zen", o festival mais saudável dos Açores. É uma iniciativa em busca do ser ligado à natureza, proporcionando hábitos, atividades e experiências saudáveis como praticas de Yoga, Meditação, Caminhadas pelos trilhos, Trail Run, workshops, palestras, alimentação saudável, terapias naturais, Coach, cozinha vegetariana, BioContrução, música e tradição da ilha montanha.

Serão, assim, 4 dias de atividades relacionadas com saúde e relaxamento, desfrutando da natureza e recursos naturais da ilha do Pico. Mais informações em:

Haja saúde!


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Apresentação no Pico dos livros "OBAMA: An Intimate Portrait" e "SHADE: A Tale of Two Presidents"


No próximo dia 25 de abril de 2019, pelas 20:30, serão apresentadas no Auditório do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, as obras OBAMA: An Intimate Portrait e SHADE: A Tale of Two Presidents, de Pete Souza.

Pete Souza, açor-descendente, com ascendência na ilha de São Miguel, é natural de Massachusetts, estado norte-americano onde reside uma vasta comunidade açoriana. Foi fotógrafo oficial dos Presidentes norte-americanos Ronald Reagan e Barack Obama e é ex-diretor do Gabinete de Fotografia da Casa Branca (Chief Official White House Photographer). Trabalhou ainda como correspondente do Chicago Tribune, foi freelancer e professor de fotojornalismo.

A sessão contará com uma apresentação pelo autor e com espaço aberto a debate/conversa.

Haja saúde!

terça-feira, 23 de abril de 2019

Visitarte 2019 — O Festival de Artes em Casas Rurais


A terceira edição do Visitarte, o festival de artes em casas rurais, vai ter lugar na freguesia de Santo Amaro, concelho de São Roque do Pico, nos dias 26 e 27 de abril de 2019. A MiratecArts, promotora deste evento, incentiva mais uma vez o público a conhecer as freguesias da ilha montanha de uma forma diferente, onde as casas de alojamento abrem as suas portas para mostras de arte e ações artísticas.

Na sexta-feira, dia 26, o convite é para, às 18h00, as pessoas visitarem o novo empreendimento Lava Homes e inaugurar a nova escultura de Sorrisos de Pedra de Helena Amaral na propriedade. Logo de seguida, haverá jantar no restaurante Magma (apenas com reserva prévia), o qual será acompanhado por guitarradas dos tocadores da Casa da Música da Candelária.

No sábado, dia 27, o diretor artístico da MiratecArts, Terry Costa, vai percorrer a freguesia e entrar onde for acolhido. "Vamos ver quem nos abre a porta," diz Terry Costa. "Santo Amaro é a freguesia mais criativa, per capita, por isso interessa-me imenso conhecer as pessoas e seus trabalhos, nesta que também é a freguesia com menos população na ilha do Pico." Ao final da tarde, visitas oficiais, em que o público é bem-vindo, inclui, pelas 17h00, a Adega do Canto (Casas Goulart) e, pelas 19h30, a Adega da Varanda Alta, que tem uma das melhores vistas para toda a freguesia e ilha de São Jorge. Cada evento terá surpresas artísticas e bom convívio.

Com este programa, a MiratecArts pretende incentivar a partilha e convívio através das artes, dar a conhecer melhor o local através de suas gentes criativas e abrir as portas para que os empreendedores de alojamento nas freguesias se conheçam e apoiem o desenvolvimento dos locais através da cultura. "Nos programas passados houve sempre a surpresa de encontrar artistas desconhecidos, ou aqueles que se escondem, e assim se juntarem também em futuros festivais da associação cultural", admite Terry Costa.

Haja saúde!

[Link para reportagem pós-evento; adicionadas fotos do evento em anexo]




segunda-feira, 22 de abril de 2019

Pico tem as uvas mais caras de Portugal e a área produtiva não pára de aumentar


O vinho do Pico, nomeadamente o licoroso, atingiu uma tão grande fama mundial no início do século XIX que o levou a ser exportado para Inglaterra e colónias, Estados Unidos e Rússia, entre outros — a título de exemplo, os czares russos muito apreciavam este produto, tendo estes enviado propositadamente barcos à ilha do Pico para ir buscar o vinho, não só para degustação mas também para receitas médicas. Hoje em dia, a Paisagem da Cultura da Vinha da ilha do Pico é um sítio classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, sendo que os respetivos muros, se alinhados, dariam duas voltas à linha do Equador.

Estando feito o enquadramento histórico e o devido reconhecimento desta autêntica lição de vida, a questão que se coloca é: o que está a acontecer à vinha do Pico e como atestar a unicidade atual dos seus vinhos?

Em 2004, aquando da classificação da UNESCO, cerca de 120 ha da ilha montanha estavam afetos à vitivinicultura; depois desta classificação veio uma revolução: alargou-se tremendamente a área de vinha, desmatou-se para reativar currais [ver vídeos em anexo] e houve um renovado interesse nas castas autóctones: Verdelho, Arinto dos Açores e Terrantez do Pico. Atualmente, mais de 700 ha de vinha estão em produção no Pico e estima-se que, dentro de poucos anos, quando a totalidade das vinhas estiverem em produção, a ilha terá cerca de 1000 hectares em pleno funcionamento (a título comparativo, a Madeira não vai além dos 450 ha de vinifera).

No entanto, não foi apenas a quantidade que aumentou, mas também a qualidade: numa era onde aquilo que é único, fora de série e que muitos desejam se traduz em ser necessário pagar mais por esse bem, as uvas do Pico são nada mais nada menos (e de longe) as mais caras de Portugal — em 2018, o quilo de Arinto dos Açores foi pago a 3,60 €, o de Verdelho a 4,70 € e o de Terrantez do Pico a 4,80 € (a título comparativo, o quilo de uvas raramente ultrapassa o valor de 1 € nas castas mais valorizadas, como o Antão Vaz ou o Alvarinho no Continente).

Posto isto, quando se poderia pensar que a ilha montanha seria apenas um pequeno lugar, no meio do Atlântico, onde se produz um qualquer vinho, a verdade é que não só é no Pico se que produz mais de 80% dos vinhos certificados dos Açores, como também as respetivas uvas são as mais valiosas do país!

Assim, não será de admirar que os vinhos do Pico estejam (merecidamente) a subir de preço, um comportamento natural atendendo à excecional qualidade deste néctar dos deuses.

Em suma, os números não enganam: a vinha e o vinho do Pico estão na moda!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 41.854 do 'Diário dos Açores', de 23 de abril de 2019, bem como na edição n.º 781 do 'Jornal do Pico', de 26 de abril de 2019.


sábado, 20 de abril de 2019

Vista aérea de Santo António


Apresenta-se, em anexo, um vídeo da autoria de António Faria, o qual mostra imagens aéreas da freguesia de Santo António, concelho de São Roque do Pico, incidindo particularmente no centro da respetiva freguesia e no lugar da Furna, sendo que esta última constitui também uma zona balnear de excelência da ilha montanha.

Haja saúde!

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Navio de cruzeiro "Serenissima" novamente em São Roque do Pico


À semelhança de anos anteriores, o Porto do Cais do Pico, na vila de São Roque do Pico, recebeu nesta Quarta-feira Santa de 2019 (17 de abril) a visita do navio "Serenissima".

Este é um navio de cruzeiro com capacidade para cerca de 100 passageiros, o qual está a realizar um itinerário pelas 9 ilhas dos Açores — "Island Hopping in the Azores" — englobado numa excursão de 12 noites a bordo, com embarque na ilha de São Miguel (após um voo desde Londres) e desembarque em Lisboa (seguido de voo de retorno a Londres).

O público alvo é o do mercado britânico, sendo que o custo deste cruzeiro pelos Açores (incluindo viagem aérea desde Inglaterra + estadia a bordo + refeições + excursões em terra) varia entre as 4.695 libras (cerca de 5.420 euros) e as 7.495 libras (cerca de 8.650 euros).

Nota ainda para o facto de, à saída da ilha do Pico, os turistas terem tido a oportunidade de observar a respetiva majestosa montanha coberta com alguma neve, tal como as imagens em anexo comprovam.

Mais informações:

Haja saúde!






quinta-feira, 18 de abril de 2019

Conversas informais: a vida na ilha


Em parceria com a Pousada da Juventude do Pico, localizada em São Roque do Pico, irá ocorrer esta 6.ª feira, dia 19 de Abril, entre as 18:30 e as 20:30, uma conversa informal sobre os desafios de viver numa ilha.

Promovido por 'Sentido de Ser', aqui fica a apresentação deste evento:
A saúde mental e o bem estar pessoal são urgentes e estão cada vez mais na ordem do dia. Mais do que tecer opiniões com base em preconceitos e ideias vagas da realidade, convido a sociedade a participar neste debate através de conversas informais com as populações locais. Quero conhecer os desafios de uma vida que me é desconhecida através das vozes daquelxs que os experienciam e formular potênciais soluções com xs mesmxs.
Esta será uma conversa totalmente livre e informal, na qual a partilha de experiências e histórias de vida será o foco principal. Irei também partilhar a minha história e a minha causa, apresentando o projecto que se tornou para mim numa missão. Estou certa de que no fim todxs sairemos mais ricos e felizes.
Tragam os vossos petiscos e fazemos disto uma festa para celebrar a vida e todas as possibilidades que ela tem!

Haja saúde!

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Zonas Balneares Oficiais do Pico — 2019

Piscina do Cais do Pico

A Portaria n.º 26/2019, de 29 de março, procedeu à identificação das Zonas Balneares Oficiais dos Açores para 2019. Para o caso da ilha do Pico, as zonas identificadas são:

São Roque do Pico
Lajes do Pico
Madalena

Estas zonas têm como época balnear o período compreendido entre o início de junho e o final de setembro. Por outro lado, as zonas balneares da ilha montanha têm reconhecida qualidade superior, tal como comprovam os galardões de Bandeira Azul e a classificação com Qualidade de Ouro atribuídos a várias destas zonas balneares ao longo dos anos.

Mais informações sobre as águas balneares açorianas podem ser encontradas no portal da Direção Regional dos Assuntos do Mar [www.aguasbalneares.azores.gov.pt]. Adicionalmente, alguns dados sobre a qualidade da água nestas zonas balneares (e em todas as outras de Portugal) podem ser encontrados no site do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos [http://snirh.pt/].

Por fim, a melhor forma de averiguar a qualidade destas zonas balneares oficias do Pico, bem como das restantes (mais de meia centena) zonas de banhos da ilha montanha, é mesmo usufruir das mesmas!

Haja saúde!

Piscina do Cais


Poças de São Roque


Furna de Santo António

terça-feira, 16 de abril de 2019

Escola Regional de Artesanato de Santo Amaro do Pico exporta para Inglaterra


A Escola Regional de Artesanato de Santo Amaro, situada na freguesia homónima do concelho de São Roque do Pico, tem vindo a aumentar a venda de peças para Inglaterra. Este é um novo mercado que se abre para o artesanato picoense e que veio compensar as quebras inerentes à época baixa do turismo.

Em anexo apresenta-se uma reportagem da RTP-Açores sobre este mesmo assunto, sendo que quem quiser saber mais sobre as duas irmãs gémeas picarotas que fundaram esta escola, e que têm uma vida dedicada ao artesanato, pode simplesmente seguir este link.

Haja saúde!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Edifícios licenciados nos Açores em 2018


De entre os vários dados divulgados pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores, o número de edifícios licenciados permite analisar não só como vai a construção no arquipélago açoriano, mas também a dinâmica existente em cada ilha.

No todo regional, em 2018 foram licenciados 778 edifícios, o que correspondeu a um crescimento de 20,1% face a 2017 (mais 130 edifícios licenciados). Analisando por ilha, em São Miguel foi onde se registou o maior número de edifícios licenciados (424 licenças — 55% do total), seguindo-se o Pico (117 licenças — 15% do total) e depois a Terceira (91 licenças — 12% do total).


Torna-se também interessante comparar estes dados estatísticos com a população de cada ilha, de forma a inferir que ilhas apresentam uma dinâmica de crescimento no que toca a novas construções. Para o efeito, apresenta-se de seguida, e no mesmo gráfico, as percentagens, por ilha, de edifícios licenciados e de população.


Como é possível comprovar, o Pico destaca-se claramente por apresentar uma dinâmica de construção muito maior em relação ao que seria expectável — a ilha montanha regista a maior diferença positiva entre a percentagem de edifícios licenciados e a respetiva população (9 pontos percentuais). Outra forma de tornar evidente esta fantástica dinâmica observada no Pico é notar o seguinte exemplo: na ilha montanha reside cerca de 6% da população dos Açores, mas nesta ilha existiram mais edifícios licenciados em 2018 do que os registados na Terceira, ilha onde residem 23% das pessoas na Região!

Resumindo, os números não enganam: o Pico está na moda!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 41.849 do 'Diário dos Açores', de 17 de abril de 2019.

domingo, 14 de abril de 2019

109.º Aniversário da Filarmónica Liberdade do Cais do Pico


Desta semana que agora findou, o dia 10 de abril de 1910 tem um lugar especial na história do lugar do Cais do Pico, vila de São Roque do Pico: neste dia foi fundada a Filarmónica Liberdade do Cais do Pico.


(Hino da Filarmónica Liberdade do Cais do Pico)

Esta instituição de utilidade pública, a qual celebrou agora o seu 109.º aniversário, conta com um longo historial [link] e atualmente mantém em funcionamento a sua principal atividade — a Banda Filarmónica e a Escola de Música — sob a batuta do maestro Paulo Freitas e a presidência de Fernando Andrade.

Através deste post, aproveito esta data para prestar uma homenagem não só à filarmónica homónima deste blog, mas também a todas as sociedades filarmónicas da ilha montanha, desejando os maiores êxitos para todas estas instituições, as quais são um valioso património do Pico, em particular, e dos Açores, em geral:
  • Liberdade do Cais do Pico
  • União Artista de São Roque
  • Recreio União Prainhense
  • Recreio Santamarense
  • Musical e Cultural da Piedade
  • Lira Fraternal Calhetense
  • Recreio Ribeirense
  • União Ribeirense
  • Liberdade Lajense
  • Recreio dos Pastores
  • Lira de São Mateus
  • União e Progresso Madalense
  • Lira Madalense

Haja saúde!

sábado, 13 de abril de 2019

Sobre a "guerra" entre São Miguel e Terceira nas ligações aéreas


Transcreve-se, em anexo, um artigo da autoria de Bruno Rodrigues, publicado na edição n.º 41.844 do Diário dos Açores, de 11 de abril de 2019, o qual aborda a questão de não haver mais incentivos para a existência de mais voos para as ilhas do "Triângulo" — São Jorge, Pico e Faial — isto quando este sub-conjunto do arquipélago já representa, em termos de camas turísticas, o segundo principal destino a nível Açores — dados comprovativos do Serviço Regional de Estatística também em anexo.

Haja saúde!



Sobre a "guerra" entre São Miguel e Terceira nas ligações aéreas

Há uma “pseudo-disputa” instalada entre São Miguel e Terceira para ver quem tem mais voos do exterior. Aliás as “queixas” partem da Terceira. Neste jornal foram publicadas as ligações aéreas (voos diretos) 2018/19, com base numa lista da Associação do Turismo dos Açores (ATA). Nesse artigo refere-se que de Outubro 2018 a Outubro 2019 São Miguel recebe voos da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Espanha, Finlândia, Holanda, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos (ligações de 10 países portanto). Por seu turno a Terceira recebe voos de Amesterdão, Toronto, Boston e Oakland (ligações de 3 países). Entretanto a Secretária Regional do Ambiente e Turismo já veio anunciar o regresso da operação entre Madrid e a Terceira no próximo Inverno, ou seja, a Terceira passará a estar ligada a 4 países distintos.
É indiscutível a atratividade turística que São Miguel tem, assim como é indiscutível a importância que o Aeroporto de Ponta Delgada tem atualmente como o principal Hub dos Açores. As rotas internacionais que servem Ponta Delgada conseguem comprovadamente servir a Diáspora e as restantes ilhas via SATA Air Açores. Por via disso é natural que existam mais ligações internacionais a São Miguel e é aliás natural que continuem a aumentar no futuro.
No sentido de responder à procura da Diáspora, é natural que a Terceira disponha também de ligações a Toronto, Boston e Oakland. Felizmente a operação de Boston tem também sido utilizada por operadores para combater a sazonalidade do Turismo no Inverno. O mesmo se aplica com a operação da TUI (Amesterdão) e Madrid a partir do próximo Inverno. No entanto, estas operações charter servem apenas e só a ilha Terceira, não servem as restantes ilhas.
Com isto a questão: estando o Triângulo (São Jorge, Pico e Faial) servidos apenas pela Azores Airlines (via gateways do Pico e Horta) com regularidade e alguma qualidade no Verão IATA para Lisboa (e com necessidade de reforços, com os quais a Azores Airlines não se consegue comprometer), e sendo o Turismo do Triângulo ainda bastante sazonal (com procura bem baixa entre final de Outubro e meados de Março), o que está o Governo a preparar, em conjunto com as outras partes interessadas, para no futuro (1, 2, 3 anos, o tempo necessário para se montar uma operação com pés e cabeça) combater a sazonalidade com operações charter semelhantes àquelas que existem para a Terceira, nos referidos meses de menor procura? A Terceira tem 3782 camas que precisam de ser rentabilizadas na época baixa. No triângulo o número de camas ultrapassa atualmente as 5011.
Dá que pensar o porquê de tanta preocupação em encher onde há menos oferta e não servir melhor - leia-se, com mais voos - os que têm oferta, como o Triângulo, mas cujas ligações aéreas esgotam e não permitem tirar o máximo partido do potencial turístico.