O jornal 'Diário dos Açores' teve acesso ao “Estudo para a Avaliação das Condições de Operacionalidade do Aeródromo da Ilha do Pico”, encomendado pelo Governo Regional anterior, e revelou as partes essenciais desse estudo na sua edição n.º 42.457, de 20 de abril de 2021.
Com base no que foi agora divulgado, é possível chegar às seguintes primeiras
conclusões:
- O estudo analisou cinco soluções para intervenções na pista [pormenores sistematizados na tabela anexa];
- Três soluções (as mais onerosas) tiveram parecer desfavorável;
- Duas soluções (notavelmente as mais económicas) tiveram parecer neutro — "as vantagens evidentes em termos de capacidade do aeroporto são contrabalançadas por prejuízos sociais e ambientais";
- Os pareceres neutros não foram claramente positivos devido à ocupação de terreno de vinha Património Mundial — "em todo o caso, admite-se que se o desenvolvimento do Aeroporto for reconhecido como acção de relevante interesse público, este poderá ser realizado, desde que não sejam postos em causa os valores naturais e culturais que determinaram a classificação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Área Protegida e como Património Mundial";
- Foram considerados os seguintes aviões de referência: Dash Q200, Dash Q400, A320, A320neo, A321neo, B737-700, B737-800 e B737-900;
- O estudo abordou a operação dos aviões de referência para um raio de ação de 1500NM [milhas náuticas], que permite servir as capitais europeias mais próximas (Madrid, Londres e Paris);
- "Verifica-se que, exceptuando o A320, os restantes aviões só poderão operar na pista actual em condições economicamente muito desvantajosas para este raio de acção, inviabilizando uma operação rentável";
- Com cerca de 17 milhões de euros ['Solução 1'] consegue-se "reduzir as restrições da actual operação, com aviões do tipo A320 em voos para o continente";
- Com cerca de 30 milhões de euros ['Solução 2'] consegue-se "viabilizar a operação dos aviões de referência, com exclusão do B737-900 sem limitações de payload para um raio de ação de 1500NM, que permite servir as capitais europeias mais próximas (Madrid, Londres e Paris)";
- Foram ainda identificadas quatro medidas de intervenção no aspecto operacional (na ordem dos 450 mil euros) que mereceram um parecer positivo e que também são "investimentos propostos para melhorar a informação e procedimento mesmo para a pista actual";
- "Os custos apresentados devem ser entendidos como uma primeira estimativa de valores a desenvolver e confirmar em estudos mais desenvolvidos" — "será necessário realizar levantamentos topográficos, cadastrais e estudos geotécnicos";
- "Nenhuma das soluções é viável economicamente".
Comece-se por analisar o último ponto elencado anteriormente: a viabilidade
económica associada a um qualquer projeto pressupõe que este trará retorno
financeiro; no caso do Aeroporto da ilha do Pico, bem como para a esmagadora
maioria dos aeroportos nos Açores (quiçá todos?), qualquer investimento de
grande vulto não será rentável para quem explora a infraestrutura, mas
certamente trará inúmeros benefícios (inclusive em termos económicos) para as
respetivas populações. Posto isto, a (já expectável) não viabilidade económica
das soluções estudadas não deve ser, de modo algum, um fator impeditivo da
melhoria das condições de operacionalidade do aeroporto do Pico.
As revelações sobre o estudo em causa sinalizam claramente que há "vantagens
evidentes" em aumentar a pista do Pico e que só não se obteve pareceres
manifestamente positivos (para as duas soluções mais económicas) devido ao
facto de este aeroporto estar inserido numa zona protegida — por outras
palavras, se as vinhas circundantes não fossem classificadas como Património
Mundial, os pareceres neutros passariam a positivos. Atendendo a que será
certamente possível garantir que os pressupostos que levaram à classificação
da Paisagem da Cultura da Vinha da ilha do Pico como Património Mundial se
mantêm mesmo com um aumento da pista (à semelhança do que já ocorre com
inúmeros outros investimentos nesta paisagem protegida), também este fator do
Património Mundial não deve obstar ao desenvolvimento do aeroporto do Pico —
aliás, em alguns aspetos, até poderá valorizar o património existente.
O estudo mostrou igualmente ser mais amplo do que inicialmente se julgava, com o 'Diário dos Açores' a sublinhar que o mesmo contradiz afirmações recentes do Governo atual sobre este
tema. Mais concretamente, não só
foram estudadas várias aeronaves das famílias Airbus A320 (A320, A320neo e
A321neo) e Boeing 737 (B737-700, B737-800 e B737-900), mas também foi
considerado "um raio de ação de 1500NM [milhas náuticas], que permite servir
as capitais europeias mais próximas (Madrid, Londres e Paris)". Este facto é
digno de registo e merece uma congratulação, isto por notoriamente ir ao
encontro de um dos desígnios da petição pública "Pelo aumento das condições de operacionalidade do Aeroporto da ilha do
Pico": que o Pico e as ilhas do "Triângulo", em particular, e os Açores, em
geral, passem a ter uma porta de entrada totalmente gerida, explorada e
desenvolvida pela Região para servir condignamente as ligações aéreas com o
exterior, quer para o território nacional, quer para o estrangeiro.
Em termos técnicos, as revelações do estudo confirmam não só que a pista atual
inviabiliza uma operação rentável para os aviões de referência, mas também que
existem duas soluções adequadas para mitigar este problema, isto atendendo ao
custo/benefício das cinco soluções estudadas. Examinando estas duas soluções,
as conclusões a tirar são:
- A 'Solução 1' [17 milhões de euros] garantiria que apenas o A320 (que já opera no Pico) passaria a operar sem restrições e somente até ao continente português [menos de 1000NM];
- A 'Solução 2' [30 milhões de euros] viabilizaria a operação da esmagadora maioria das aeronaves utilizadas mundialmente nas operações de médio curso, isto para um raio de ação [1500NM] adequado aos interesses do Pico e das ilhas do "Triângulo", em particular, e dos Açores, em geral.
Posto isto, a escolha acertada recai claramente na 'Solução 2', a qual
criaria um aeroporto capaz de servir condignamente as necessidades atuais e
futuras da ilha montanha — note-se ainda que esta solução, de certo modo, já
havia sido preconizada num
parecer técnico remetido à Comissão de Economia aquando da discussão da
petição supracitada.
Vale a pena mencionar ainda que os custos apresentados não só representam uma primeira estimativa, mas também serão certamente elegíveis para cofinanciamento europeu, resultando então num investimento da Região muito menor — no caso da 'Solução 2' vir a ser financiada a 85% por projetos europeus, o custo para o erário público regional situaria-se nos 4,5 milhões de euros.
Em todo o caso, e independentemente de qualquer ampliação, o estudo apontou
ainda quatro medidas de intervenção no aspecto operacional (na ordem dos
450 mil euros) que mereceram um parecer positivo e que também são
"investimentos propostos para melhorar a informação e procedimento mesmo para
a pista actual" — estas medidas devem também ser tidas em conta, numa
perspetiva de curto prazo, por quem de direito.
Por fim, a maior conclusão de todas é a seguinte: a decisão agora é apenas e
só do foro político, pois das revelações do estudo em questão deduz-se que é
possível, é benéfico e está identificado como deve ser feito o aumento da
pista do aeroporto do Pico.
Hello Ivo,
ResponderEliminarAs you know, I am one of the people resident on Pico who does NOT want access to Pico made even easier. It is already highly unusual for a place with a tiny population of only 14k people to have a, large international-size airport, especially since there is already a similar sized airport a mere 1 hour's travel away! That means that a population of under 30k already has TWO large airports right on their doorsteps!
The suggestion you put, for every single resident man, woman, baby and child on Pico to have yet another €2000 spent on them to give them an even larger airport than they already have is an absurd waste of money.
It would be far more sensible and economical to improve the access between Pico/Horta airports and the accomodation for the rare occasions when there is bad weather. Presently, the airports are actually only used at a fraction of their real capacity.
As for economic impact, I would guess that those who would/make the most money from Pico mass-tourism don't even live on the island and the present scale of Tourism is already at ideal capacity for local business.
For those few residents who travel a lot, I suggest to get themselves an e-book reader and learn to relax. Please don't impose "easy access" and all its diadvantages on a majority who have no real need or want for it, for the sake of a few.
Pico already has about 10 times the number of airports per capita compared to the EU average: https://www.nationmaster.com/country-info/stats/Transport/Airports/Per-capita
ResponderEliminarSuponho que o senhor Marcus fala pela população do Pico? e porque o faz em inglês?
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