Segundo
dados da PORDATA, a base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos,
analisados em primeira instância pela agência Lusa, comparando 2001 com 2020 relativamente aos nados-vivos de mães residentes em
Portugal, o número de nascimentos no país registou um decréscimo de 25,1%
nas últimas duas décadas, com todas as regiões a acompanharem essa tendência, à
exceção do Algarve, que aumentou 3,8%.
No caso do arquipélago açoriano, a quebra situou-se nos 32,8%, ou seja, foi
superior à média nacional. Particularizando por ilhas, em quase todas houve
menos nascimentos em 2020 do que em 2001, registando-se decréscimos na casa dos
dois dígitos percentuais: -31,6% em São Jorge, -33,3% no Corvo, -33,4% em São
Miguel, -33,5% na Terceira, -35,6% em Santa Maria, -37,7% na Graciosa, -40,1% no
Faial e -44,4% nas Flores.
No entanto, existe uma honrosa exceção à tendência regional e nacional
de quebra nos nascimentos: no Pico ocorreram mais nascimentos em 2020 do
que em 2001, nomeadamente um crescimento de 0,9% — curiosamente, a
ilha montanha já tinha sido notícia no final de 2020 por nela estar a ocorrer
um baby boom.
Embora este facto, só por si, mostre claramente como a ilha montanha se destaca
pela positiva no contexto regional, a verdade é que olhando para os dados ao
nível municipal, o Pico regista estatísticas que sobressaem no contexto
nacional.
Concretizando, dos 308 municípios portugueses, apenas 22 verificaram um aumento
no número de nascimentos, dois não tiveram qualquer diferença entre os anos
2001 e 2020, enquanto nos restante 284 municípios verificou-se uma descida.
Entre estes últimos estão todos os concelhos açorianos, à exceção dos três
existentes na ilha montanha, nos quais ou houve um crescimento — +2,0% na
Madalena — ou não houve qualquer alteração — São Roque do Pico e Lajes do Pico
(os únicos do país onde os nascimentos não variaram).
Por outras palavras, todos os três municípios da ilha montanha não só integram o
estrito lote de concelhos portugueses [24 em 308] onde não houve uma quebra
nos nascimentos nas últimas duas décadas, como também são os únicos dos Açores a
registar tal feito.
Por fim, vale a pena realçar que este crescimento da ilha montanha, um tanto ou
quanto em contraciclo com o resto da Região, não se trata de um fenómeno
isolado, pois tal como Censos 2021 revelaram, o
Pico é a única ilha dos Açores que perdeu menos população do que a média
nacional.
Resumindo, os números não enganam:
o Pico está na moda!
Haja saúde!
Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 42.588 do 'Diário dos Açores' e na edição n.º 1.449 do 'Ilha Maior', ambas de 24 de setembro de 2021, e edição n.º 908 do 'Jornal do Pico', de 1 de outubro de 2021.