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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
SATA admite que proposta de ampliação da pista do Pico permite operação dos aviões sem limitações
A SATA admite que a proposta de ampliação da pista do Pico, apresentada na Assembleia Regional, permite a operação das aeronaves daquela companhia sem limitações de perfomance.
O parecer da SATA foi entregue ao parlamento, num documento a que o jornal 'Diário dos Açores' teve acesso.
Com efeito, após o anúncio em plenário a 13 de julho de 2021, a Comissão de Economia da ALRAA procedeu à deliberação de diligências a 15 de outubro de 2021, tendo sido solicitados pareceres por escrito ao Conselho de Ilha do Pico, a Direção de Operações da SATA (DOV) e SATA Gestão de Aeródromo (SGA), tendo os pareceres sido remetidos por estas entidades à ALRAA na semana transacta.
Conselho de Ilha dá parecer positivo
Rui Lima, Presidente do Conselho de Ilha do Pico, reiterou “as posições públicas que o Conselho de Ilha do Pico tem tomado sobre as condições de operacionalidade do aeroporto do Pico, bem como as reivindicações assinaladas nos sucessivos memorandos remetidos ao Governo dos Açores, ao longo dos últimos anos”, terminando o parecer com a indicação de que “a mesa deste conselho de ilha, entende mostrar concordância, com todas as iniciativas que visem a melhoria da operacionalidade do aeroporto do Pico, emitido portanto, parecer positivo, ao projeto apresentado.”
O parecer da SATA
Relativamente ao muito aguardado parecer conjunto da Direção de Operações da SATA (DOV) e da SATA Gestão de Aeródromo (SGA), este confirma aquilo que várias forças vivas da ilha do Pico têm vindo a defender em relação à ampliação da pista em 700 metros, nomeadamente: “Salvaguardados todos estes aspetos ligados à infraestrutura aeroportuária, podemos dizer que existe a possibilidade desta obra de ampliação da pista poder vir a permitir a operação das aeronaves da SATA Internacional – Azores Airlines no Aeroporto do Pico, sem limitações de performance, o que se traduzirá em aumento da capacidade de payload e de alcance dos aviões utilizados.”
Ao nível da operacionalidade o parecer da DOV e SGA admite que com a ampliação da pista possa existir “na aterragem (...) um ganho de manobrabilidade relativamente à distância de paragem do avião”, o que poderá contribuir para melhorias de operação em dias de condições mais adversas, mas referindo (por diversas vezes) ao longo do documento que se torna “imperativo concretizar uma aproximação por instrumentos para a pista 09.”, que é a pista com sentido OESTE-ESTE, atualmente sem qualquer tipo de aproximação por instrumentos (de recordar que a pista 27, de orientação ESTE-OESTE, dispõe de aproximação por ILS). É sugerida a implementação de aproximação por instrumentos RNP (que já existe noutros aeroportos da Região), voltando a reforçar que “Não se pode deixar de ter presente a absoluta necessidade da concretização de uma aproximação por instrumentos para a pista 09 no Pico e dos efeitos disruptivos causados pela sua não existência.”
De referir que este tipo de aproximações por instrumentos têm um custo de implementação associado e são da responsabilidade da NAV, pelo que é necessário pressão por parte do Governo Regional para que o processo avance. De qualquer modo, o parecer dá uma achega: “Como nota final, refira-se que a Innovation and Networks Executive Agency (INEA) tem historial de comparticipação em projetos inovadores Europeus na área dos transportes, tendo o projeto de implementação do RNP (AR) na SATA Internacional – Azores Airlines beneficiado de fundos de apoio. Sugere-se a averiguação da existência de possíveis calls em que se possa enquadrar o projeto.”
Relativamente a constrangimentos à almejada ampliação em 700 metros, o parecer lança questões relativamente à proximidade ao terreno do lado OESTE, mas sugere (para além do corte de algumas árvores nas imediações) a implementação de procedimentos de descolagem semelhantes aos que são norma no Aeroporto do Funchal, afastando-se a aeronave para NORTE (em direção ao mar) logo após a descolagem.
Resumindo, o documento comprova que a ampliação da pista do Aeroporto do Pico em 700 metros permite que toda a frota da SATA possa operar sem limitações, é sugerida uma forma de mitigar obstáculos do terreno, é indicada claramente que é urgente a implementação de aproximação por instrumentos por RNP para (pelo menos) a pista 09. Não menos importante, o parecer do Grupo SATA (DOV e SGA) realça que a ANAC deve ser envolvida o mais rapidamente possível no processo, pois antevê-se “um tempo de análise e de aprovação com longevidade significativa”.
Aguarda-se agora o agendamento das audições presenciais ao Secretário Regional dos Transportes, Turismo e Energia, coordenadores do Grupo Aeroporto do Pico e promotores da petição “Pelo aumento das condições de operacionalidade do Aeroporto da Ilha do Pico”, Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico, Associação de Municípios da Ilha do Pico, especialista em meteorologia aeronáutica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Proposta do PS em discussão
Recorde-se que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) entregou, no passado dia 2 de julho de 2021, à mesa da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) o Projeto de Resolução com vista à Ampliação da Pista do Aeroporto do Pico. Do referido documento destacam-se os seguintes pontos de diagnóstico às condições atuais da referida pista:
“Devido ao atual comprimento da pista, a maioria das aeronaves de médio curso, tais como as das famílias do Airbus A320 ou do Boeing 737, não conseguem descolar com o peso máximo permitido, o que implica o transporte de menos passageiros e/ou menos carga e/ou redução do alcance, reduzindo igualmente a rentabilidade das operações;”
“Um prolongamento da pista em aproximadamente 700 metros para oeste, como resulta dos estudos já efetuados, permite resolver as questões elencadas anteriormente, designadamente, uma operacionalidade sem restrições neste aeroporto para a esmagadora maioria das aeronaves de médio-curso utilizadas no mundo, onde se inclui, por exemplo, a totalidade da frota da SATA/Azores Airlines;”
O GPPS submeteu então o Projecto de Resolução 67/XII com vista a “Avançar com todos os trabalhos preparatórios para a concretização do projeto de execução da ampliação da pista do Aeroporto da ilha do Pico, designadamente, com um prolongamento para oeste na ordem dos 700 metros, por ser a solução técnica que garante a operacionalidade sem limitações para as aeronaves de médio curso, inclusive toda a frota atual da SATA Azores Airlines.”
[Fonte: Diário dos Açores (edição n.º 42.643, de 30 de novembro de 2021)]
Em suma, este parecer técnico da SATA corrobora as conclusões apresentadas pelo Grupo Aeroporto do Pico em maio de 2021, onde através de uma análise comparativa se demonstrou como a solução adequada para a pista do aeroporto do Pico consiste no seu aumento em cerca de 700 m, solução esta que criaria um aeroporto capaz de servir condignamente as necessidades atuais e futuras da ilha montanha.
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