quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O Pico lunar


O Mons Pico é uma montanha lunar solitária que se situa na parte norte da bacia do Mare Imbrium, a sul da cratera de piso escuro Platão e na orla sul de uma cratera fantasma. Este pico faz parte do anel interno sobrevivente da bacia do Imbrium, continuando para noroeste com as cordilheiras dos Montes Teneriffe e Montes Recti, e provavelmente para sudeste com os Montes Spitzbergen.

Com um comprimento de 25 km (orientado noroeste-sudeste) e uma largura de 15 km, o Mons Pico atinge uma altitude de 2450 m. A própria montanha é um objeto muito reflexivo e brilhante.

Devido à sua localização isolada no mare lunar, este pico pode formar sombras proeminentes quando iluminado pela luz solar oblíqua. Por outro lado, o Mons Pico também é conhecido como um local de anomalias lunares transitórias — fenómenos temporários de luz, de cor ou de alteração da aparência da superfície da Lua.

A sudeste do Mons Pico situa-se uma montanha um pouco menor que é por vezes chamada de Mons Pico β (Beta).

O Pico lunar é um tanto ou quanto famoso no que respeita à ficção científica. Objetos estranhos aparecem perto do Pico na obra 'Blast Off at Woomera', de Hugh Walters; o seu destino é desenvolvido depois nas sequelas 'The Domes of Pico' e 'Operation Columbus'. Uma batalha espacial climática tem lugar no Pico no romance 'Earthlight', de Arthur C. Clarke; esta montanha também é mencionada de passagem no seu romance '3001: Odisseia Final' como um local de armazenamento de vírus biológicos e de computadores, bem como no conto 'The Sentinel' do mesmo autor — neste caso, o protagonista Wilson refere tem escalado a mesma. O Pico é igualmente mencionado na obra de Júlio Verne 'À Volta da Lua', onde os três principais personagens observam esta montanha a partir da sua nave espacial.

Por fim, um mistério perdura até aos dias de hoje: porque foi dado o nome 'Pico' a este mons [montanha num corpo celeste]? A teoria mais famosa internacionalmente é a de que o astrónomo alemão Johann Hieronymus Schröter nomeou esta montanha, no final do séc. XVIII / início do séc. XIX, em homenagem ao Pico de Teide, na ilha de Tenerife; todavia, se uma cordilheira lunar ali ao lado foi batizada de 'Montes Teneriffe', em homenagem à ilha homónima nas Canárias, o que faria mais sentido é que o ponto mais alto dessa cordilheira fosse o Teide lunar... Por outro lado, o Teide espanhol tem uma altitude de 3718 m, ou seja, mais de 1200 m de diferença para o Pico lunar...

Posto isto, a mais recente teoria é a de que o Mons Pico homenageia a ilha açoriana homónima, não apenas pelo nome, mas também por ambas as respetivas montanhas terem uma altitude muito próxima — mais precisamente, os 2351 m do ponto mais alto de Portugal tornam o Pico açoriano somente menos de 100 m mais baixo do que o Pico lunar!

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