As ligações aéreas entre os Açores e o exterior podem ser divididas em dois casos, mais concretamente as rotas liberalizadas e as rotas sujeitas a Obrigações de Serviço Público (OSP), sendo que, desde o final de março de 2015, as OSP contemplam as seguintes rotas:
- Funchal / Ponta Delgada / Funchal
- Lisboa / Santa Maria / Lisboa
- Lisboa / Horta / Lisboa
- Lisboa / Pico / Lisboa
Em 2016, todas as quatro rotas sujeitas a OSP registaram mais voos e mais passageiros transportados do que em 2015, perfazendo um total de 1561 voos e 143.260 passageiros, os quais se distribuíram por rota como o gráfico seguinte mostra.
Como é possível observar, a rota Lisboa / Santa Maria / Lisboa foi a que registou menos passageiros transportados (11.897), enquanto a rota Lisboa / Horta / Lisboa foi onde ocorreu o maior movimento de passageiros aéreos (76.871). Por outro lado, e devido à utilização de diferentes tipos de aeronaves, mais voos não significou necessariamente mais passageiros transportados; a rota Funchal / Ponta Delgada / Funchal registou quase o dobro dos voos do que a rota Lisboa / Pico / Lisboa (470 vs. 252), mas esta última teve mais passageiros transportados do que a primeira (27.247 vs. 27.245).
Os dados estatísticos divulgados contemplam também o número de voos realizados, os divergidos e os cancelados. Deste modo, e para cada rota, é possível calcular qual a percentagem de voos que não chegaram ao seu destino (seja por cancelamento ou por divergência) em relação ao total de voos programados, percentagens estas que se encontram no gráfico que se apresenta de seguida.
A rota Funchal / Ponta Delgada / Funchal pode ser considerada como a mais fiável, pois foi aquela que atingiu o menor índice de não realização de viagens (0,8%), seguindo-se a rota Lisboa / Santa Maria / Lisboa (1,4%), depois a rota Lisboa / Pico / Lisboa (6,3%) e finalmente a rota Lisboa / Horta / Lisboa (9,7%). Estes dados estatísticos permitem tirar outra conclusão: como três destas rotas utilizam o aeroporto de Lisboa, e assumindo que a percentagem de cancelamentos ou divergências devidas a este aeroporto é constante para as três rotas, pode-se inferir que um voo para Santa Maria tem maiores probabilidades de não cancelar/divergir do que um voo para a ilha montanha, bem como um voo para o Pico tem maiores probabilidades de efetivamente se realizar do que um voo para ilha do Faial.
Em termos do negócio da aviação, a estatística mais importante será porventura a taxa de ocupação de ocupação, isto é, o número de passageiros transportados face aos lugares oferecidos. As estatísticas oficiais divulgadas permitem calcular esta importante métrica, sendo que se apresenta na tabela seguinte as taxas de ocupação para cada rota sujeita a OSP e para quatro situações diferentes: média anual de 2016, média do Verão IATA (de abril a outubro, onde foram transportados cerca de dois terços dos passageiros), média dos meses associados ao período do verão (de junho a setembro, onde foram transportados cerca de metade dos passageiros) e a média dos meses da época alta (julho e agosto, onde foram transportados cerca de um terço dos passageiros). Em todos os casos foi feita uma comparação com o ano de 2015 (a cor verde corresponde a um aumento da taxa de ocupação, enquanto a cor vermelha indica um decréscimo face a 2015).
A primeira conclusão a tirar é que, à exceção da rota Lisboa / Horta / Lisboa, todas as restantes aumentaram a taxa de ocupação em 2016 face a 2015. Procedendo agora a uma análise detalhada por rota, é possível concluir o seguinte:
- Funchal / Ponta Delgada / Funchal — Esta rota apresentou uma taxa de ocupação média anual de 72%, a qual não varia muito ao longo do ano (na época alta atingiu os 75%), o que significa que a oferta ao longo do ano serviu sempre de forma igual a procura registada.
- Lisboa / Santa Maria / Lisboa — Esta rota foi a que registou as mais baixas taxas de ocupação, sendo que estas foram inclusivamente inferiores a 50% no total anual e no período entre abril e outubro (o valor mais elevado da taxa de ocupação, 63%, foi atingido na época alta); contudo, ressalve-se que esta rota obteve um crescimento face a 2015 em todos os períodos analisados e ainda podem existir algumas situações de redução artificial, embora ligeira, da taxa de ocupação devido às escalas que alguns destes voos efetuam em Ponta Delgada (ver situação semelhante descrita para a rota Lisboa / Pico / Lisboa).
- Lisboa / Horta / Lisboa — Considerando a média anual, esta rota foi a que registou a maior taxa de ocupação (75%), bem como registou taxas de ocupação superiores a 80% nos restantes períodos analisados; no entanto, e apesar destes valores, é de salientar que esta foi a única rota cujas taxas de ocupação diminuíram em 2016 quando se compara com o ano de 2015, o que significa que o aumento de voos não se traduziu na mesma proporção de passageiros transportados.
- Lisboa / Pico / Lisboa — A análise à rota que liga a capital portuguesa à ilha montanha pode ser dividida em duas partes: quando existiram escalas na ilha Terceira ("voos redondos") e quando os voos foram diretos (em 2016, apenas foram diretos os voos no período entre maio a setembro). No caso dos "voos redondos", por vezes verificaram-se situações onde existiam lugares disponíveis mas que não podiam ser adquiridos pelos passageiros com destino ou origem no Pico [exemplo 1 | exemplo 2], o que reduziu artificialmente a taxa de ocupação, sobretudo no período da época baixa (em ambos os períodos analisados que incluem escalas na ilha Terceira, esta rota que serve o Pico registou taxas de ocupação entre 68% e 78%). Quando se analisa os períodos onde os voos foram sempre diretos entre Lisboa e a ilha montanha em ambos os sentidos, não só esta rota assume a liderança na taxa de ocupação de entre as rotas sujeitas a OSP (82% entre junho e setembro e 88% entre julho e agosto), bem como as estatísticas mostram que a melhor taxa de ocupação mensal obtida pela Azores Airlines numa rota sujeita a OSP foi de 92% no mês de agosto de 2016 (sendo inclusivamente a única ocorrência de todas as rotas que ultrapassou a barreira dos 90%). Recordando que o número de voos aumentou de 2015 para 2016, este resultados ainda se tornam mais surpreendentes, pois significam que o aumento de voos correspondeu a uma proporção ainda maior nos passageiros transportados!
Resumindo, os números não enganam: o Pico está na moda!
Haja saúde!